Lula e Nadson Ferinha trazem chuva para Palmas, a potência de uma voz da Inglaterra e outra da Amazônia, e mais
Começo louvando o poder de Lula e Nadson O Ferinha para os palmenses, depois louvo a existência de 6 mulheres e termino com uma curadoria de vídeos sobre Nadson chegando na minha cidade.
Graças ao trabalho do presidente Lula, Palmas recebeu chuva no mês de agosto. Algo tão improvável! E não choveu só uma vez, já foram 3 chuvas e deve vir mais até o dia 31. Teve uma chuva que foi “mas que chuvona menina”.
Fora isso, depois de quatro dias de calor dos infernos, desde quarta passada que o calor amenizou. Obrigado, presidente Lula.
Como é bom viver no Governo Lula… Pera, tem um Zanin ali que não me permite comemorar tanto. Eu não aguento mais abrir um site de notícias e ver um direito humano que esse ministro derrubou.
Melhor falar só na chuva mesmo. Não pode ser apenas coincidência termos um agosto chuvoso justo no primeiro ano de mandato do presidente Lula, e também justo no dia seguinte ao anúncio do show do Nadson O Ferinha em Palmas.
Só mesmo um ateu para não acreditar que Lula e Nadson O Ferinha foram os responsáveis pelas chuvas concedidas no mês mais insuportável do ano.
Nadson O Ferinha é a revelação da música brasileira em 2023. Os álbuns mais ouvidos no Sua Música são dele. No circuito popular, fora das grandes plataformas, que são guiadas pelo Sudeste, só dá Nadson O Ferinha.
Ficarei atento às listas de final de ano e aos prêmios de música brasileira, se eles estão atentos a esse movimento que não é capa do Spotify, nem destaque nos sites de jornalismo cultural da mídia convencional e alternativa.
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Ai de mim que sou dramático!
Impressionante como basta uma notícia beeeesta para destruir qualquer plano de produtividade. Estava tudo certo e combinado: ir pro trabalho, almoçar, voltar pra casa, tirar um cochilo, ouvir música, escrever, fazer comida, acompanhar o noticiário, tuitar, fofocar um pouco, ler um livro, ouvir podcast, ouvir mais música, assistir novela, ver uns vídeos no TikTok, tomar os remédios e dormir.
Mas aí chega uma informação que você não queria ouvir e paaam: vontade de passar o dia inteiro deitado olhando pro teto pensando em nada (naquela informação que você recebeu). Deve ser muito boa a vida de quem não se abala por qualquer coisinha.
Para completar, nesta manhã de terça-feira (29), comi um bolo frito que me deixou só a azia. Que ódio!
Aqui estou eu escrevendo esta newsletter, após passar metade da manhã sem conseguir me concentrar em nada, e botando todo ódio pra fora após uma semana de improdutividade e marasmo. Bem, pelo menos posso comemorar que estou escrevendo, pois em outros tempos nem isso eu faria. Ainda assisti à introdução do jornal da Daniela Lima na GloboNews e me sinto bem informado, pronto para atravessar o dia só vendo meme.
Sim, eu sou dramático. Ai de mim que sou dramático!
Escrevo essa newsletter enquanto ouço esse álbum (tá sendo um bom acompanhante).
Elas!
Neste mês de agosto duas artistas não saíram da minha lista de reprodução: Anohni e Karen Francis. As vozes de uma britânica e de uma amazonense são as mais potentes que ouvi em 2023. Sabe quando vai lá no fundo do coração?
Anohni lançou, em julho, o álbum My Back Was a Bridge for You to Cross após reunir novamente o seu antigo grupo Antony and the Johnsons agora com um novo nome Anohni and the Johnsons.
Ela é uma artista transgênero, que está na estrada desde os anos 90, quando começou na música com o grupo Antony and the Johnsons. Na primeira década dos anos 2000, recebeu prêmios e reconhecimento, inclusive fazendo colaborações com Lou Reed. Foi a primeira transgênero indicada ao Oscar.
Apenas em 2015, Anohni lança o seu primeiro álbum solo, o Hopelessness. Foi também o primeiro com o nome Anohni. Eu não me conectei tanto com esse álbum naquele ano. Mas o single “Drone Bomb Me” ouvi bastante. Uma música política, forte, sombria e tensa.
Agora, em My Back Was a Bridge for You to Cross ela deixa de lado o eletrocpop do primeiro álbum, e com os The Johnsons, parte para uma sonoridade sententista: soul, jazz, R&B.
O álbum remete aos discos de protesto de Marvin Gaye e Nina Simone. Anohni é ativista ambiental. Se em What’s Going On, Marvin protestava contra a guerra do Vietnã, em 2023, a grande guerra é em defesa do meio ambiente e contra a destruição do mundo ocasionada pelo capitalismo.
Anohni defende a vida: a proteção do meio-ambiente e os direitos LGBTQUIAPN+. Nenhum outro álbum hoje consegue exprimir tantos sentimentos difusos que povoam nossos pensamentos, como esperança e desilusão, quanto este.
A voz de Anohni ecoa forte. Atinge em cheio sua alma. Vontade de chorar e sorrir ao mesmo tempo, desde quando ela começa na primeira música dando um recado: It must change, It must change, It must change.
Why am I alive now?
I don't want to be witness
Seeing all of this duress
Aching of our world
Why am I alive now?
Why am I alive?
I don't want to feel this
Aching color of our world
Why Am I Alive Now?
Scapegoat é uma música tão visceral. Talvez seja o momento mais emocionante e dramático. A música que melhor representa a tragédia da transfobia. A guitarra chorando no final é absurda.
And in this society
A scapegoat is all I can be
Oh, you're so killable
I can say just what I want
I can use you like a toilet
Scapegoat
Você não pode passar por 2023 sem dar uma chance para este álbum.
Agora vamos para a Amazônia
É daqui de pertinho que outra voz potente da nova geração encanta: Karen Francis, apenas 23 anos. Eu a entrevistei no podcast Boto Fé Nesse Som (no youtube).
Se você ainda não ouviu este novo episódio, você não é meu amigo. Já tem duas semanas que estou divulgando isso. Espero que Karen Francis não seja mais surpresa pra você. Caso tenha chegado até esta newsletter sem me seguir nas redes sociais…
Karen Francis é uma artista de Manaus, que recentemente se mudou para Belém. Expoente do R&B e afrobeats brasileiros, a artista já tocou no Primavera Sound São Paulo e no Se Rasgum em Belém (PA). Em novembro, vai tocar no Afropunk Salvador. No último final de semana, ela dividiu palco com a Luedji Luna, em Manaus.
A notícia mais relevante é que Karen vai lançar álbum nesta sexta-feira, dia 1. É o seu trabalho de estreia. Ela já tem EP e vários singles. Aguardo muito a chegada desse primeiro álbum cheio. Karen é uma das revelações da música brasileira. Ela vai brilhar muito ainda.
Luedji Luna é uma boa referência para ter um parâmetro sobre Karen. Eu conheci a amazonense quando fui curador do projeto Seletivas Amazônia Legal, promovido pelo festival Se Rasgum. Foi uma das vozes que me chamou mais atenção desde a primeira fase do processo. No final, ela foi selecionada e tocou no festival paraense em 2022.
Lembro de falar no grupo dos curadores que Karen era a Arlo Parks da Amazônia.
Na entrevista para o Boto Fé Nesse Som, tive a oportunidade de conversar com elas sobre o processo criativo e a produção das músicas. A artista fala sobre suas origens africanas e como isso influencia sua carreira.
O som da Karen me chama muito atenção, não só pelo uso do afrobeats (a nova música pop africana), mas como ela conecta essa sonoridade com os sons afrobrasileiros. Em algumas músicas sinto uma pegada baiana. E tudo isso casa muito bem com a sua voz potente e cristalina, típica de cantoras de Soul e R&B.
Cardume, música lançada neste ano, e que estará no novo álbum, é uma das mais gostosas de se ouvir. Uma música sobre despedidas e recomeços. Sobre buscar o seu lugar no mundo. Sobre se conectar com a nossa essência. Tem muito a ver com a nova fase da Karen, uma jovem passando por mudanças ( ela se mudou de Manaus para Belém, também por causa da sua carreira artística), e vendo sua música indo para lugares cada vez mais distantes.
Eu me pergunto aonde é que vou parar
Mas nem eu mesma sei o que ando a procurar
Só eu sei pra onde é que devo ir
Um peixe sem cardume
Você me acompanha, mas chegou a hora de partir
Cardume
O som das águas no final: um acalento.
Meu indie tá vivo
Já que citei duas mulheres, entre a última edição da newsletter e esta, eu fui em Palmas no show da Fernanda Hofmann. Novo nome do indie tocantinense, Fernanda é o carisma em pessoa.
O show de estreia do Baixas Expectativas, o seu primeiro EP, foi uma ótima experiência. Além de divertida e simpática, ela demonstrou amar muito cada composição. É legal demais alguém falar com tanto amor sobre música.
Foi uma ótima experiência sonora também. O som estava impecável, o lugar (teatro de bolso do Memorial Coluna Prestes) tem uma acústica muito boa (espaço subutilizado em Palmas) e a banda da Fernanda é show de bola. Mesmo sendo formada apenas por homens, percebi que eles entenderam a proposta da Fernanda e acrescentaram o toque de experiência necessário, sem prejudicar o frescor das ideias de uma artista iniciante. Estavam sintonizadíssimos.
Particularmente, o momento que mais gostei foi quando ela estava sozinha no palco, pegou o violão e começou a cantar algumas músicas que ainda não estão nas plataformas digitais. Uma em especial me marcou pela melodia: Meu Bem. Espero que ela grave logo essa.
Falando em indie, você já ouviu Boygenius? Meu indie tá vivo demais com esse trio formado por Julien Baker, Phoebe Bridgers e Lucy Dacus. Elas lançaram neste ano o primeiro álbum juntas: The Record. É o melhor álbum de rock do ano.
Curadoria TikTok
Já na expectativa pelo show do Nadson O Ferinha em Palmas, fiz uma curadoria de vídeos do TikTok sobre o tema: esperando o Nadson Ferinha na minha cidade.
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baita edicao!!! so coisa boassss